16 de mar. de 2012

Um dia, um adeus...

Um dia escrevi por aqui sobre reinvenção. Que não importa a idade, a etnia, a renda, mas todos nós mudamos o tempo todo, querendo ou não. E, é preciso sempre estar atento a essas mudanças, a essa (re)construção de si mesmo.

Tem alguns anos que venho me observando e percebendo que algumas áreas tem precisado mais de mim do que outras, enquanto umas crescem e se impõe, outras se aquietam e calam. 

A escrita em mim anda calada. São raros os momentos que ela ainda se permite vir a tona, e nem sempre consigo colocar no papel, as letras que surgem. 

E esse blog é o reflexo disso, cada vez mais posts republicados e as poucas vezes que escrevo alguma coisa nova, sinto que não é aquilo que queria escrever, a minha escrita, que possui um estilo próprio, uma voz única, insiste em não se fazer presente. Não se enxergar naquilo que se escreve anda me consumindo. 

Nessas horas, não adianta dar murro em ponta de faca. Essa ausência faz parte das escolhas assumidas por mim, então, nada mais lógico que encare a realidade. É preciso dar um tempo.

Um tempo do blog, um tempo da escrita, um tempo para que eu possa me reinventar ou não nessa praia. Que possa descobrir se foi a minha escrita que se calou ou se fui eu quem calei ela.

Então é isso, o A Vida Sem Manual encerra suas atividades, se para sempre, se até a próxima semana, não sei dizer. Se voltar, vai ser para uma volta as origens, naquilo que um dia me propus, ser um blog literário, espaço para meus contos e crônicas, não um diário virtual - que é no que vem se transformando nos últimos anos.

Não vou sumir da vida virtual, isso é impossível para mim, vocês poderão me encontrar no twitter: PatriciaDaltro - no Facebook - Patricia Daltro - no e-mail: patricia.daltro@gmail.com e é claro, na minha loja virtual: Bichos de Pano.

Agradeço a cada um dos que passaram por aqui ao longo desses anos, cada comentário, cada e-mail recebido, tudo foram carinhos que guardo dentro do peito. É por vocês que não quero acabar em definitivo. Mesmo que não volte, quero ter aqui um recanto para relembrar os amigos que surgiram, as identificações que me faziam crer que o que escrevia eram mais do que simples palavras.

Obrigada!

15 de mar. de 2012

Querido Diário

Hoje começo a fazer dieta. Preciso perder 8 kg. O médico aconselhou a fazer um diário, onde devo colocar minha alimentação e falar sobre o meu estado de espírito.

Sinto-me de volta a adolescência, mas estou muito empolgada com tudo. Por mais que dieta seja dolorosa, quando conseguir entrar naquele vestidinho preto maravilhoso, vai ser tudo de bom.

Primeiro dia de dieta:
Um queijo branco. Um copo de diet shake. Meu humor está maravilhoso. Me sinto mais leve. Uma leve dor de cabeça talvez.

Segundo dia de dieta:
Uma saladinha básica. Algumas torradas e um copo de iogurte. Ainda me sinto maravilhosa. A cabeça dói um pouquinho mais forte, mas nada que uma aspirina não resolva.

Terceiro dia de dieta.
Acordei no meio da madrugada com um barulho esquisito. Achei que fosse ladrão. Mas, depois de um tempo percebi que era o meu próprio estômago. Roncando de dar medo. Tomei um litro de chá. Fiquei mijando o resto da noite.
Anotação: Nunca mais tomo chá de camomila.

Quarto dia de dieta:
Estou começando a odiar salada. Me sinto uma vaca mascando capim. Estou meio irritada. Mas acho que é o tempo. Minha cabeça parece um tambor. J. comeu uma torta alemã hoje no almoço. Mas eu resisti.
Anotação: Odeio J.

Quinto dia de dieta:
Juro por Deus que se ver mais um pedaço de queijo branco na minha frente, eu vomito! No almoço, a salada parecia rir da minha cara. Gritei com o boy hoje! E com a J. Preciso me acalmar e voltar a me concentrar. Comprei uma revista com a Gisele na capa. Minha meta. Não posso perder o foco.

Sexto dia de dieta:
Estou um caco. Não dormi nada essa noite. E o pouco que consegui sonhei com um pudim de leite. Acho que mataria hoje por um pedaço de brigadeiro... Fui ao médico. Emagreci 250 gramas. Tá de sacanagem! A semana toda comendo mato. Só faltando mugir e perdi 250 gramas! Ele explicou que isso é normal. Mulher demora mais emagrecer, ainda mais na minha idade. O FDP me chamou de gorda e velha!
Anotação: Procurar outro médico.

Oitavo dia de dieta:
Fui acordada hoje por um frango assado. Juro! Ele estava na beirada da cama, dançando can-can.
Anotação: O pessoal do escritório ficou me olhando esquisito hoje, J. diz que é porque estou parecendo o Jack do Iluminado.

Nono dia de dieta:
Não fui trabalhar hoje. O frango assado voltou a me acordar, dançando dança-do-ventre dessa vez. Passei o dia no sofá vendo tv. Acho que existe um complô. Todos os canais passavam receita culinária. Ensinaram a fazer Torta de morangos, salpicão e sanduiche de rocambole.
Anotação: Comprar outro controle remoto, num acesso de fúria, joguei o meu pela janela.

Décimo dia de dieta:
Eu odeio Gisele B.

Décimo primeiro dia de dieta:
Chutei o cachorro da vizinha. Gritei com o porteiro. O boy não entra mais na minha sala e as secretárias encostam na parede quando eu passo.

Décimo segundo dia de dieta:
Sopa.
Anotação: Nunca mais jogo pôquer com o frango assado. Ele rouba.

Décimo terceiro dia de dieta:
A balança não se moveu. Ela não se moveu! Não perdi um mísero grama! Comecei a gargalhar. Assustado o médico sugeriu um psicólogo. Acho que chegou a falar em psiquiatra. Será porque eu o ameacei com um bisturi?
Anotação: Não volto mais ao médico, o frango acha que ele é um charlatão.

Décimo quarto dia de dieta:
O frango me apresentou uns amigos. A picanha é super gente boa, e a torta, embora meio enfezada, é um doce.

Décimo quinto dia de dieta:
Matei a Gisele B! Cortei ela em pedacinhos e todas as fotos de modelos magérrimas que tinha em casa.
Anotação: O frango e seus amigos estão chateados comigo. Comi um pedaço do Sr. Pão. Mas foi em legítima defesa. Ele me ameaçou com um pedaço de salame.

Décimo sexto dia:
Não estou mais de dieta. Aborrecida com o frango, comi ele junto com o pão. E arrematei com a torta. Ela realmente era um doce.


Publicado originalmente no blog: A Criatura e a Moça -www.acriaturaeamoca.blogger.com.br (blog extinto) em 09/10/2003
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Era uma vez um texto que virou um post, que foi copiado (sem autoria), que virou spam, que virou apresentação (medonha) de powerpoint. Mas, justiça foi feita e também virou peça de teatro - A Vigilante, Uma Comédia de Peso.

13 de mar. de 2012

Para Luci, a minha Estrela!


Quero compartilhar com vocês que encontrei uma Estrela. Na verdade, acho que ela me encontrou. E num período muito escuro da minha vida, trouxe luz e me ajudou a enxergar e transformar toda aquela escuridão.
Essa estrela me cativou desde o nosso primeiro encontro, por que Estrela faz isso, tem um brilho próprio, uma presença, sempre com um conselho para ser dado, um colo a ser ofertado, às vezes, apenas um silêncio para ser compartilhado.


Mas, engana-se também que acredita que seu brilho é restrito a poucos, muito pelo contrário, faz questão de compartilhar, alegrias, solidariedade, afeto... 

E, eu tenho muito orgulho de ter ela como minha Estrela e hoje, nesse seu primeiro dia de um novo ano, quero dizer que te amo, Luci Cardinelli e desejo para você tudo o que de melhor existe nesse mundo! Que os próximos muitos 365 dias que começam sejam repletos de felicidade, amor, amizades e paz!

Infelizmente hoje não vou poder estar ao seu lado, pelo menos não fisicamente, devido a problemas familiares. Mas, segura ai uma fatia do bolo e uma taça de vinho para gente comemorar essa data tão especial!
 E deixo aqui meu presente virtual, por que o real, entrego pessoalmente,

Um campo de girassóis, para alegrar seus dias!

8 de mar. de 2012

Não me dêem flores!

Ok, hoje é o nosso dia. Mas quer saber? ODEIO gente que chega com florzinha e me diz cheio de pompa, quase como se tivesse cumprindo um dever cívico: Feliz dia Internacional das Mulheres! A vontade que tenho é perguntar se ele realmente acredita que ao me dar uma florzinha ele está contribuindo para um mundo menos hipócrita! 

Qualê, flor não vai acabar com a diferença salarial entre homens e mulheres. Tampouco diminuir a nossa carga horária, que ainda inclui casa, dois empregos (na maioria das vezes) e filhos! Será que uma rosa vai permitir que eu use uma mini-saia sem ser tachada de vagaba ou impedir que uma roupa seja usada como justificativa para uma agressão?

A flor não muda nada. Muito menos no automático, na porta de um restaurante, ou no cruzamento de sinal. No dia seguinte, vou continuar sendo mulher e o mundo vai continuar sendo machista. 

Por que o que faz a diferença são atitudes concretas, minhas, suas, nossas.,.. políticas sócias concretas,  creche pública, isonomia salarial, leis que respaldem e que ensinem a todos que NÃO É NÃO e não Talvez ou pode ser, como um certo senhor que apresenta um reality famoso afirmou. 

É um dia onde somos brindadas pela gentileza, mas gentileza não quebra o machismo. Gentileza encobre uma realidade feia, de piadinhas infames, de agressões veladas, de conquistas perdidas... 

É por essas e outras tantas, que hoje, não quero flores. O que quero é um mundo melhor...

6 de mar. de 2012

A Ditadura das Frutas

O corpo tem que ser da mulher-morango (embora a maior vendagem da revista, tenha sido da mulher-melancia), os peitos da mulher-melão; a pele, hidratada com cacau. No cabelo, escova de maracujá. A dieta é a do abacaxi... E, mesmo com tudo isso, continuo me achando uma jaca, (bem, pelo menos também é uma fruta)!
(post republicado)