27 de jun. de 2011

Enganando seu Filho - Parte II


Domingo é dia de lasanha aqui em casa. Uma tradição só quebrada de vez em quando, e ontem não poderia ser diferente. Comida rápida, fácil e que filhote adora. E, e aí que entra a enganação do pequeno. rs A lasanha aqui em casa tem berinjela e espinafre no molho. Quando não é feita totalmente light, só a base de berinjela. 

Ontem, não rolou o espinafre, estava feio e murcho no horti, mas a convidada de honra não podia faltar. 
Agora chega de papo e vamos pros finalmente:

Lasanha com molho de berinjela:
Ingredientes:
1 pacote de massa para lasanha pré-cozida (facilidade sempre, meu filhos)
1 caixa de molho de tomate
1/2 kg de carne moida
1/2 cebola
1 pimentão pequeno
1 berinjela grande
100 gramas de bacon (pode fazer mal, mas amoooo de paixão, e é só um pouquinho)
Algumas folhas de manjericão
300 gr de presunto
400 gr de queijo prato ou muçarela 

Modo de fazer:
Pique a cebola, o pimentão e o bacon
Pique a berinjela em pedaços miúdos
Tempere a carne à gosto
Leve ao fogo a cebola, o pimentão e o bacon até ficarem dourado
Coloque a carne até ficar dourada também - deixe cozinhar até amolecer (se for preciso, coloque água aos poucos)
Quando a carne estiver pronta, coloque a berinjela e vá mexendo até ela ficar translúcida e meia pastosa.
Acrescente o molho de tomate, 1 copo de água, tempere à gosto ( como já temperei a carne e o molho leva bacon, não costumo acrescentar mais tempero) e o manjericão.
Deixe cozinhar por uns cinco minutos.

Montagem:
Num tabuleiro médio para grande, cubra com molho o fundo
Coloque a massa e coloque mais molho
Coloque o queijo e o presunto
Cubra com mais molho - repita todo o procedimento, intercalando sempre.
Encerre com o queijo e jogue o restante do molho por cima.
Tampe com papel laminado e coloque no forno.
Normalmente demora 30 minutos para cozinhar e mais 5 para gratinar.
DIVIRTA-SE. rs

Outra variedade dessa lasanha é a versão light vegetariana que também é maravilhosa:

Lasanha Vegetariana
Ingredientes:

1 caixa de molho de tomate
200 gramas de champignon
1/2 cebola
1 pimentão pequeno
4 berinjela grande
Algumas folhas de manjericão
400 gr de queijo prato ou muçarela 

Modo de fazer:
Pique a cebola, o pimentão 
Corte a berinjela verticalmente em fatias finas - enquanto aguarda a montagem, deixe-as de molho numa mistura de limão e um pouco de sal.
Leve ao fogo a cebola e o pimentão  até ficarem dourado
Coloque a champignon - deixe cozinhar (se for preciso, coloque água aos poucos)
Acrescente o molho de tomate, 1 copo de água, tempere à gosto e coloque as folhas do manjericão.
Deixe cozinhar por uns cinco minutos.

Montagem:
Num tabuleiro médio para grande, cubra com molho o fundo
Coloque a berinjela e coloque mais molho
Coloque o queijo 
Cubra com mais molho - repita todo o procedimento, intercalando sempre.
Encerre com o queijo e jogue o restante do molho por cima.
Tampe com papel laminado e coloque no forno.
Normalmente demora 20 minutos para cozinhar e mais 5 para gratinar.
DIVIRTA-SE. rs

23 de jun. de 2011

A Versão da Madrasta

O problema é que ninguém nunca quer saber o outro lado da história. Acostumados com a versão da princesinha e do príncipe encantado, ninguém quer ouvir o que a madrasta tem a dizer. 

É fácil isso. Afinal, sou a Má-drasta, má logo no inicio, então ta. Como poderia ser diferente do que eles contam? 

- Ei, você ai, me dá uma bebida bem forte. A mais forte, que tiver! E vê se não demora, viu! 

Então como estava dizendo. Você acredita que me casei duas vezes, DUAS vezes – uma cheguei a ser rainha e fui expulsa de casa as duas? E por causa de quem, de quem? De criaturas mimadas, que não queriam repartir o paizinho comigo. 

E, olha, o pior não é isso... – Ei, cadê minha bebida! – o pior, é criar uma filha, cuidar dela e quando ela crescer, me largar que nem roupa velha... Vou te contar, eu penteava os cabelos daquela ingrata, vinte vezes ao dia, cem escovadas prum lado, cem escovadas pro outro. E o cabelo dela era imenso! Juro, dava voltas e voltas... A tal da Rapunzel, daí foi só aparecer um principezinho de merda e ela me largou e ainda inventou um monte de coisas sobre mim! Que eu a prendia numa torre e subia pelos cabelos dela. Afé, como eu iria subir pelos cabelos de alguém?! Era uma escrava da garota, isso sim! Fazia comida, arrumava a torre, contava histórias para ela e penteava aqueles cabelos... Sabe que tenho pesadelos até hoje com isso? Acordo sufocada naquelas tranças gigantescas. E no dia que ela teve piolho?! Estremeço só de lembrar...

- A bebida sai ou não sai?! Lugarzinho furreca esse, heim? Meia hora para beber alguma coisa! Achei que você tinha ido fabricar a bebida! Dá logo esse copo! 

Mas, então, eu era uma menina quando casei com o pai da Branca de Neve, é, essa mesma que agora é rainha. Bah! O rei tinha acabado de ficar viúvo e com uma filha pra criar, como meu pai tinha posse, (antes de perder tudo no jogo, agora o miserável vive me pedindo dinheiro!), foi quase natural que casássemos, daí a guria cresceu, ficou bonita e intragável! Vadia, com V maiúsculo. A filha da mãe se apaixonou por um guarda do castelo e fugiu com o desgraçado pra floresta, alugaram a casa dos anões e passaram uma temporada por lá. 

Quando a relação deles fez água, inventou a história de que eu queria matá-la, vê se pode! Armou com os anões, engabelou o príncipe a acabou com meu casamento! Por causa dessa zinha, amarguei anos nas masmorras do reino!

- Posso pedir mais uma? Então, por favor, manda mais uma caprichada!

Você não imagina o que tive que fazer para fugir daquele lugar, nem para quem tive que dar. Um horror! Um horror! 

Fiquei algum tempo escondida, até me inscrever num desses realitys de transformação. Ah, foi ótimo, fiquei linda de novo. Fui embora daquele reino, não sei nem pra quê. Acabei me apaixonando por um lorde decadente, que tinha uma filha, a tal da Cinderela. Hum, outra que não vale o chão que pisa. Essa embirrou quando engravidei e tive as gêmeas. Meninas lindas e educadas, mas que sofriam nas mãos da minha enteada. Que inventava milhões de histórias para o pai, toda vez que ele voltava de viagem. Infelizmente, ele viajava muito e toda vez era a mesma coisa, era só chegar e pronto, ela dizia que eu a escravizava e a fazia de faxineira. Chegava ao ponto de se rasgar e sujar o rosto. Nosso casamento virou um inferno, até ele morrer e eu ter que ficar cuidando de três jovens... Estava doida para conseguir um bom casamento pras minhas filhas e ficar em paz. 

Ai teve  a história do baile. A desgraçada da Cinderela roubou todo o nosso dinheiro para comprar um vestido exclusivo e até minhas jóias entraram na dança! Minhas filhas, coitadas, foram pro baile com vestidos de segunda mão. Mas, o pior, foi o sapato. Eu tinha comprado pra mais bonita das gêmeas, um sapato lindo. Todo trabalhado em pedrarias. Lindo, lindo... Minha pequena tinha encantado o príncipe que dançara com ela a noite toda, mas Cinderela, com ciúmes, na hora de irem embora, empurrou a menina das escadarias e ela além de perder o sapato, ainda torceu o pé. Ficou uma coisa horrível, roxo e inchado. Cinderela aproveitou a confusão para roubar o sapato, mas como os guardas já estavam chegando, só conseguiu pegar um pé.

O resto você já conhece, o príncipe foi de casa em casa, com um pé do sapato, atrás da mulher que dançara no baile. Chegando lá, claro que minha filha, com o pé roxo e inchado da torção, não poderia calçar o sapato, daí a maldita, apareceu com o outro pé, e pronto. Se casou com o príncipe e ainda expulsou eu e minhas filhas do reino...

Imagina minha situação, pobre, sem casa e com duas adolescentes a tiracolo. Uma das gêmeas mandei pra casa da vó, depois descobri que teve um incidente com um lobo no caminho e acabou se casando com um lenhador, menos mal. 

A outra foi a tal dos cabelos compridos, que te contei no inicio. Rapunzel. Humpf! Hoje ela está se casando com o tal que a “resgatou” da torre! Esqueceu completamente da mãe, a ingrata... 

- Tá, eu sei que está na hora de fechar, mas libera mais uma dose, vai! Eu pago.  Hoje fiz uma descoberta ótima, achei um castelo abandonado, parece que uma bruxa almadiçoou a menina e ela furou o dedo numa roca e ta todo mundo adormecido por lá...  Digamos que peguei algumas coisas emprestadas por lá, não muita coisa, fique claro, por que ladra eu não sou! Um anel daqui, um cordão dali, afinal de contas, um dia tem que ser o dia da madrasta.

20 de jun. de 2011

Promoção 2 em 1

Muita gente não sabe, mas além do artesanato, escrevo também, e inclusive já publiquei alguns livros - dois deles em coletânea, e um infantil. Então, apresento para vocês o DinoAmigos.


Escrito por mim (Patricia Daltro) e por Armando Leite Ferreira, conta a história de três dinossaurinhos, que vivem no mundo mágico de Cretácea, com seu amigo e cientista Saurin e que subitamente se envolvem em uma aventura danada para combater a bruxa malvada.

Além de uma história bem dinâmica, ilustrações primorosas, o livro também é interativo, com atividades pedagógicas que estimulam a criança a resolver, junto com os personagens os desafios da história.

Preço: R$ 18,00 + Frete
(Fazemos preços especiais para escolas e/ou pessoas que queiram representar o livro em sua região)

Junto com o livro vem um CD de atividades (jogos, dicionário dos dinossauros, atividades lúdicas, etc) e histórias extras com os personagens do livro.

Esse livro não está nas livrarias (problemas na distribuição) e só podia ser adquirido via site da editora, mas agora pode também ser comprado aqui no blog e para comemorar esse momento, estou fazendo a seguinte promoção: Quem comprar o livro via blog participa também do sorteio de um bicho-maçaneta da minha marca de artesanato Bicho de Pano.


Já pensou? Você compra um livro e pode ganhar um simpático bichinho para colocar em sua porta!

 Interessados e só avisar nos comentários, que respondo por e-mail.
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DinoAmigos - Resgate em Cretácea - R$ 18,00 + Frete
por Armando Leite Ferreira e Patrícia DaltroFaixa etária: 4 a 8 anos
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15 de jun. de 2011

Notícias do Front

Não se faz uma omelete sem quebrar os ovos. E por mais difícil que seja, algumas decisões tem que ser tomadas. 

Então de repente, você está no meio de uma tempestade, sem saber como e aonde vai aportar. Todo seu corpo e alma ansiando demasiadamente para não ser preciso viver o que está prestes a enfrentar, mas não há rota de retorno. Nada. Absolutamente nada - a não ser um milagre, mas você bem sabe, que sua cota de milagres já está bem esgotada, recebeu muitos no decorrer do último período - por isso, não crê mais em milagres nesse momento.

E se prepara pro momento inadiável, indesejadamente inadiável, que se desenha a sua frente. E, como seu físico reage a tudo isso? Cansaço. Absoluto, gigantesco, infinito... Toda você anseia apenas por se deitar e dormir. 

Cada movimento, cada decisão, cada conflito que surge, apenas te dá um desejo maior de se encolher e fechar os olhos...

Mas, apesar de tudo isso tem que continuar seguindo em frente. 

14 de jun. de 2011

Enganando seu Filho:

Eu engano meu filho. Podem me chicotear, eu mereço. Mas, coloco inhame no feijão, berinjela/espinafre ou brócolis no molho do macarrão ou lasanha. Digo que peixe é frango com gosto diferente, que omelete é panqueca aberta e que banana amassada com farinha láctea é apenas mingau, sem a banana...

Não pense que sou uma mãe má, mas quem tem como filho uma criatura capaz de separar pedaços minúsculos de quaisquer itens indesejados do seu prato, leia-se como indesejados: qualquer coisa verde, laranja ou roxa; nessa situação, tenho ou não que pensar em alternativas criativas? 

E, não adianta fazer carinha na comida, colocar firulas variadas, o danado não come. Além do mais, por ter refluxo e uma fácil tendência ao vômito, se sentir na boca quaisquer dos itens citados acima, faz ânsia de vômito, quando não bota pra fora! Mãe sofre.

Foi assim que nasceu o Macarrão à Carbonara, que de carbonara só tem o nome.

Falso Macarrão à Carbonara:
Ingredientes:
1/2 kg de macarrão parafuso
200 gramas de bacon
1 berinjela pequena
1/2 cebola média
1 lata de creme de leite
100 gramas de azeitonas
1 pacote de queijo ralado
Folha de manjericão

Preparo:
Cozinhe o macarrão em água fervente, depois de cozido, reserve.
Pique o bacon em pedaços mínimos (como meu filho é a criatura, mínimo é mínimo mesmo)
Rale a cebola (você pode picá-la, mas no meu caso, não pode existir resíduos de cebola)
Pique a berinjela em pedaços microscópicos.
Pique a azeitona.

Modo de fazer:
Numa panela bem quente, jogue a cebola e o bacon até dourar.
Quando estiver bem dourado, jogue as azeitonas e a berinjela até a última ficar translúcida (o intuito é virar uma pasta bem cremosa)
Coloque o creme de leite e tempere a gosto ( não coloco sal, apenas o manjericão, mas isso depende de cada um)
Espere engrossar, mas sem levantar fervura.

Montagem do prato:
Num refratário, coloque uma concha do molho e espalhe pelo fundo, distribua em seguida o macarrão, intercalando sempre com o molho.
Cubra com o queijo parmesão ralado e coloque no forno pra gratinar.
Sirva, saboreie e reze para o seu pequeno estar de bom humor e não detectar nenhum pedaço de berinjela ou azeitona no macarrão! 

11 de jun. de 2011

Pra Você

Você me oferece arco-íris. Hoje eu aceito e saboreio algodão-doce que contém o gosto das lembranças. O frio chega pela janela, mas não fechamos. O ar gelado nós faz perceber que estamos vivos e juntos. Por mais que tantos tenham dito que não conseguiríamos. 

Ainda é noite lá fora e a escuridão cobre tudo como breu. Mas sabemos que logo setembro estará de volta, trazendo girassóis e violetas. A primavera expulsando o cinza de nossos olhos.

Sei que não sou afeita a sorrisos, mas ando cansada desses olhos no espelho e hoje ando preferindo apostar todas as cartas, a desistir no meio da partida. E de tudo isso, o que sei, é que à noite, ainda procuro sua mão e me fortalece saber que ela está lá. 

Nos dias estranhos, sua aquarela colore em tons pastéis a tristeza que insiste em se fazer presente. E se hoje ainda continuo, é porque seus olhos são estrelas que me guiam no meio da tempestade.

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E o meu presente veio através de um post surpresa publicado no blog da Fernanda Reali. Chorei lendo a história do girassol e mais ainda da coragem de se declarar publicamente. Obrigada amor! E obrigada a Fernanda pela surpresa em conjunto! :o)

5 de jun. de 2011

No lugar de piadas machistas, vamos transformar o machismo em piada! #BlogagemColetiva

A proposta dessa blogagem coletiva começou fruto de uma conversa no twitter entre várias pessoas que, felizmente, se indignaram com as frases proferidas pelos pseudo-humoristas do #CQC. 

Frases já transcritas no post anterior a esse, que incitavam a violência contra a mulher (ao dizer que estupradores deveriam ser abraçados), que coibiam a amamentação materna em lugares públicos, entre outras pérolas.

A partir dessa conversa e dado alguns comentários feitos no post anterior, percebi que há muita dúvida em relação a algumas coisas, por isso, antes de realmente começar dar minha opinião é preciso respondê-las.

Dois temas foram muitas vezes reiterados em defesa dos humoristas: O primeiro é sobre “Liberdade de Expressão” – alegando-se que como é humor, pode-se falar sobre tudo da maneira que melhor apetecer o interlocutor. O segundo é exatamente sobre o “humor”. Uma espécie de território libertário, onde o politicamente incorreto surge como bandeira. 

Começando então por Liberdade de Expressão, que segundo a wikipedia:
É o direito de manifestar livremente opiniões, ideias e pensamentos. É um conceito basilar nas democracias modernas nas quais a censura não tem respaldo moral.
A liberdade de expressão é um direito fundamental consagrado na Constituição Federal de 1988, no capítulo que trata dos Direitos e Garantias fundamentais e funciona como um verdadeiro termômetro no Estado Democrático. Quando a liberdade de expressão começa a ser cerceada em determinado Estado, a tendência é que este se torne autoritário. A liberdade de expressão serve como instrumento decisivo de controle de atividade governamental e do próprio exercício do poder. (...) A divergência de idéias e o direito de expressar opiniões não podem ser restringidos para que a verdadeira democracia possa ser vivenciada.
Passemos agora, para o que se pode entender sobre Humor: para isso utilizarei aqui da definição de alguns filósofos: 
"Entendemos o humor como qualquer mensagem - expressa por atos, palavras, escritos, imagens ou músicas - cuja intenção é a de provocar o riso ou um sorriso. (...) (BREEMER e ROODENBURG, p.13, 2000) 
"O simples ato de compartilhar o riso era mais importante do que o conteúdo específico ou o impacto imediato de qualquer piada ou caricatura. Rir junto significava participar de uma cultura comum, uma forma de comunicação sobre assuntos de interesse mútuo. Assim sendo, o humor ajudava a construir um espaço público, um campo ou arena onde poderiam ser discutidos todos os tipos de idéias, fossem elas políticas, sociais ou morais. As visões expressas dentro deste espaço público nunca eram monolíticas ou uniformes. O humor popular estabelecia um sentido de comunidade entre os participantes mas, ao mesmo tempo, ajudava a definir e a esclarecer as diferenças dentre daquela comunidade. (TOWNSEND, p. 228)
fonte:  Faber Ludens
Logo, podemos entender que as pessoas se relacionam mais facilmente através do humor. E que aquilo que faz rir diz muito sobre as pessoas e sociedade em que vivemos.

Mas, a pergunta que permeia os últimos acontecimentos é: há limite pro humor? Pra isso, utilizo a resposta do cartunista Laerte, que em uma entrevista afirma que:
Não, não tem que ter limites. O que a gente tem que ter também é uma crítica ilimitada. O humor tem que ser solto como qualquer linguagem humana tem que ser solta e livre, o que a gente tem é que ter o direito de exercer o poder da crítica sobre isso permanentemente. Então você dizer que uma piada é racista, ou sexista, e argumentar nessa direção, não é censurá-la, é exercer seu direito de crítica. 

Esclarecido esse pontos, podemos enfim, entrar no âmago da questão. Por que as “piadas” desse pseudos-humoristas incomodaram tanto. Para começar, quero deixar claro, que não são apenas eles que proferem esse tipo de piada, infelizmente, nossa sociedade caminha cada vez mais para um retrocesso nas conquistas femininas. 

Nossas amigas que queimaram sutiãs devem hoje estar se revirando nos túmulos ao ver tantos direitos duramente adquiridos sendo rasgados. Muitas vezes, por nós mesmas. 

Ser feminista hoje é quase uma ofensa para algumas pessoas. A frase que mais ouço é: eu sou contra os extremismos, não sou feminista, mas sou feminina. Como se uma coisa aniquilasse a outra. 

Eu sou feminista – e digo isso de cabeça erguida – e feminina! Não quero ser maior/melhor do que o sexo oposto. Só quero – e luto para isso – ser cidadã igual aos homens, detentora dos mesmos direitos e deveres.

Ser feminista é um contra-ponto ao machismo, mas não é o seu oposto. O machismo é fruto de uma cultura preconceituosa, muitas vezes misógina, que parte do pressuposto que as mulheres existem em função do outro. O que eu visto, o que eu penso, o que faço, tudo isso é devido a uma coexistência permitida pelo homem. Exemplificando: se uso uma saia mais curta ou um decote mais ousado, é para seduzi-los, se questiono meus direitos, é por que me falta um “pau”, se amamento meu filho na rua, é por que quero expor meus seios para os homens, se sou estuprada, é devido a minha conduta imprópria em relação a eles....

E, é nessa cultura, que pseudos-humoristas sobrevivem. Incapazes de fazer um humor que revolucione, utilizam-se de chavões e preconceitos arraigados. 

Mas, quando questionamos essa prática, recebemos como resposta: Mas, eles tem direito de falar o que querem, e a liberdade de expressão. Se não gostou, muda de canal, não leia o que escrevem, não vá ver a peça deles! 

Ok. Mas, e quando o programa passa numa tv aberta, numa concessão dada pelo poder público? Poder que sobrevive graça a meu voto e aos meus impostos. Eu tenho o dever, não só o direito de criticar, não é proibir que eles emitam opiniões preconceituosas, mas questionar essa fala, dizer que eu não gosto e como cidadã, tenho que ser escutada. Afinal, não é nessa cultura que quero que meu filho cresça.

Segundo, ao dizer que estupradores devam ser abraçados, no lugar de serem punidos, e que eles fazem um favor a mulher, ao estuprá-las, este senhor Rafinha Bastos, ultrapassa o espaço legal. Afinal, apologia ao estupro – que é uma prática criminosa – é crime! E, ele tem que responder LEGALMENTE pela sua fala.

Terminando, sobre a questão do Mamaço – ou o direito da mãe amamentar seu filho, onde e quando for necessário, remeto a dois itens do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Título I
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Título II
Capítulo I: Do Direito à Vida e à Saúde
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade.

Traduzindo, embora, para mim, isso esteja bem claro: amamentar seu filho é mais que um direito da mãe e da criança, é um dever. 

Logo, constranger a mãe  sobre esse seu ato de amor, através de pedidos para se retirem do ambiente, piadas e/ou insinuações sexistas, é também um crime, dado o teor do Estatuto.

Completo essa tradução com um comentário do Marcelo Daltro feito no post anterior:
“ Ao lançar o álbum Nevermind do Nirvana, Kurt Cobain foi questionado sobre a imagem do bebê nu na capa, porque poderia remeter a algo sexual, e ele respondeu que só um doente mental veria algo de sexual em um bebê nu.”
Da mesma forma, acrescento, só um doente mental, poderia comparar a amamentação materna com quaisquer atividades  de cunho sexuais.

E, para encerrar de vez esse post, e segundo a definição sobre Liberdade de Expressão: todos temos o direito de expressar nossa opinião. Ser proibido através de qualquer manifestação de força – processos judiciais inclusive – é uma forma de tentar cerceá-las. 

Dessa maneira, a liberdade dos integrantes do grupo do #CQC em falar suas sandices é a mesma que nós temos de dizer que não concordamos com a opinião dos mesmos e que acreditamos que suas falas, são machistas, preconceituosas e misóginas. 

Quando um integrante do grupo ameaça a blogueira Lola de um processo judicial, por ela ter emitido uma opinião contrária a fala do mesmo, se utiliza de um método de coerção (dado a diferença de status na mídia do mesmo em relação a blogueira), ou censura, como é vulgarmente conhecido, prática alias, muito condenada pelos integrantes desse programa. Que ironia!

Esse post faz parte de uma #BlogagemColetiva, onde outros tantos indignados, mas que se recusam a se calar, escreveram, convido a todos a lerem os links dos participantes e se quiser participar. será muito bem vindo, deixe nos comentários o link do post para que possa colocá-lo aqui.

Anabel Mascarenhas - O Meu Mamaço é Virtual

Outros que também já escreveram sobre o tema:
Lola Aronovichi - #CQC vai pra PQP

3 de jun. de 2011

Censura no #CQC dos Outros é Refresco!

Eu gosto de rir. Gosto de piadas e humor. Ironia e sarcasmos me conquistam. Até escrevo alguns textos  nessa linha. Mas, acredito que humor não é sinônimo de politicamente incorreto. Sinceramente, para mim, é impossível achar graça da desgraça alheia. 

Como rir de piadas que fazem apologia ao estupro - como essa do Sr. Rafinha Bastos que apregoa que estupradores de mulheres feias(?) deveriam ser abraçados!!!!
"Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho.Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade.Homem que fez isso [estupro] não merece cadeia, merece um abraço."
Trecho retirado da Revista Roling Stones 

Ou ainda, piadas que desestimulem a amamentação materna, comparando um ato de ALIMENTAÇÃO e AMOR a um ato de cunho fetichista/sexual?

 Raf: “Por que cargas d'água tem aquela mãe que enfia a teta nas caras das pessoas na rua, véio? Mano, vai prum banheiro, c*ralho, porque a gente olha, não tem como.

Joga um lencinho em cima,” diz um outro neandertal. “Às vezes dá até um constrangimento” [é, o constrangimento é deles! Não das mães com um cara babando em cima delas!]

Raf: “Não precisa tirar aquele mamilo, que mais parece uma, que parece um rocambole. [...][Definição rafística pra mamaço:]Todo mundo lá mostrar as teta. [...] Não pode proibir, é um direito da pessoa [note que ele não diz “da mulher”], mas pô, dá uma protegida”.

Aí vem o outro energúmeno dizer que amamentar é um pretexto, porque no fundo o que a mulher quer mesmo é mostrar os seios. 

Trecho retirado do blog da Lola Aronovichi que no momento está sofrendo ameaças judiciais por parte do Sr. Marcelo Tas, por expor sua opinião através deste post:  "CQC Anti-Amamentação, vai pra PQP"
Ou de piadas que remetam a tragédias da humanidade, ou que sejam claramente racistas, ou homofobícas, ou misóginas etc?
Danilo twittando que entende porque os judeus de Higienópolis são contra a construção do metrô — porque, da última vez que entraram num vagão, foram parar em Auschwitz.
Não dá para rir. E, é preciso falar sobre isso. Não só sobre o machismo que hoje impera na mídia, nunca a mulher tornou-se tão objeto como agora, vide o número cada vez mais gritante de mulheres violentadas e assassinadas nas últimas décadas. Sim, aumentou a denúncia, isso aumenta naturalmente as estatísticas, mas não dá para negar que banalizar através de piadas a violência contra a mulher, também contribui é muito pro aumento dos casos.

Rafinha Bastos não foi o primeiro a fazer "piadas" sobre estupro, outros, talvez não tão "famosos" vieram antes dele, e se NOS CALARMOS, outros se sentirão a vontade para fazer também.

Esse aceitar calado, o esgoto que é jogado na nossa cara, foi o que fez o programa #CQC descer ladeira abaixo. Eu fui uma que acompanhei o programa no seu nascedouro e vi a cada edição, descer um degrau. Hoje já não assisto mais, para mim, está no mesmo nível de Pânico, Ratinho e Legionários - um lixo, que tentam sobreviver através de frases copiadas na net, de "piadas" de caráter duvidoso e falsas polêmicas.

E, por achar que já jogaram demais lixo em cima da gente, que estou convidando a todos que me lêem, fazererm dia  06/06 uma #BLOGAGEMCOLETIVA pela valorização feminina na mídia. No lugar de piadas machistas, vamos transformar o machismo em piada! 

Quem quiser participar, é só deixar nos comentários seu nome e o link do blog, que no dia da postagem publicarei aqui no blog todos os participantes.

E desde já declaro aqui que CONCORDO com tudo que Lola Aronovichi escreveu sobre o programa #CQC e seus integrantes. E, também acho que o grupo tem fala PRECONCEITUOSA, MISÓGINA E MACHISTA e que definitivamente, justificar que isso é humor, é o supra-sumo da imbecilidade!

E já que o arauto da "liberdade de expressão" quer censurar a opinião alheia, percebo que censura no do outros é refresco, não é senhor Marcelo Tas? E sinta-se a vontade de adicionar mais uma no processo!


Update: Uma rede formada por mulheres que são ou não mães, criaram uma blogagem coletiva na Defesa da Amamentação em público - neste blog http://redemulheremae.blogspot.com/ você poderá saber mais como participar!