26 de jul. de 2011

Muito prazer, sou Poliana

Poliana em Tempos de Crise

Capitulo II:
O Jogo do Contente sob a Regência de Murphy

Desde pequena, achava que a vida deveria ser mais fácil para quem levasse um nome com o peso do meu. Não que Poliana fosse um nome feio ou que resultasse em apelidos constrangedores como uma antiga colega de classe, que atendia pelo singelo nome de Bucetildes. 

Sim, eu conheci uma Bucetildes - cujos pais deveriam ter sido presos por fazerem tamanha maldade com uma criança. Na sala, usávamos o apelido de Tilde, o bullying já existia é claro, mas até que havia um processo quase solidário dos alunos com a pobre. Até mesmo os professores na hora da chamada, evitavam o nome completo - ou era o apelido, ou sobrenome, Silva. Mas, sempre havia um desavisado - normalmente professores novos, que repetiam o nome, num misto de incredulidade e temor de pegadinha. 

E a menina, uma simpática loirinha de olhos claros, arroxeava-se toda nessa hora e se encolhia na carteira. Mais velha, aprendeu a esperar os professores novos, já na porta, avisando num sussurro que, por favor a chamassem de Tilde.

Mas, como ia dizendo, e não tinha nada a ver com Bucetildes, é que Poliana é um fardo. Principalmente para aqueles que conhecem a história da menina que brincava de jogo do contente. A vida fechou uma porta?Pense que poderia ser pior, poderia também ter encerrado janelas. Essa lógica da felicidade constante era um carma, que invariavelmente vinha à tona, todas as vezes em que algo ruím me acontecia. Sempre tinha uma alma penada para relembrar a personagem do livro e instituir que eu não tinha direito de sofrer. 

Agora imagine, se você tem esse nome, e sua vida é regida por Murphy? O deus do "se algo tem que dar errado, pode apostar que vai dar". 

Algumas pessoas acham que exagero, mas então vamos recapitular: sempre fui uma criança esquisita - magra demais, tímida demais, insegura demais, desajeitada demais... Se um copo com água era posto numa mesa para fazermos pinturas no jardim - era eu quem iria derrubá-lo. Se havia uma peça a ser apresentada nas festividades da classe, seria eu quem iria tropeçar e derrubar metade do cenário. Se o menininho mais simpático do ginásio quisesse me dar o primeiro beijo, claro que eu iria pegar mononucleose. E, é claro também, que eu engravidaria na minha primeira vez.

E foi assim, que aos dezesseis anos me casei com Adalto, vulgo marido. Que também não ficou nem um pouco feliz de ver sua vida ser jogada para o ar no final do terceiro ano. 

Agora o pior de todo o processo, foi ouvir sempre a terrível sentença: - Ora, lembre-se da Pollyanna do livro. Poderia ser pior. E até hoje, cada vez que me falam essa frase, tenho vontade de responder: - É. Poderia. Poderia ter um surto nesse exato momento e enforcar você com sua língua! 

12 comentários:

Cissa Branco disse...

Patrícia,

divino! Estou viciada na saga da Poliana, quando terei mais?
beijos

Iara disse...

Ai, ai, o pior vai é ter que esperar o próximo capítulo, juro que quando li o primeiro pensei que que o segundo seria Sexo no colchão dagua, e tu vem com essa surpresa.
Estás proibida de demorar a postar.
Beijos

Ana Paula Santiago (inventandocasa.blogspot.com) disse...

Quero mais!!!

Joana disse...

Acho que vou jogar meu livro no lixo... Pollyanna perdeu a graça rs
Amei1
Beijinhos

Casa das Bonecas de Pano de Ipiabas disse...

Oi amiga tudo bem vou fazer como as amigas esperar a história de Pollyanna, mas acho que esse nome dá certo vejo um monte de Polianas, que acho que estão sendo felizes, quanto aquele outro nem sei o que dizer por que nome não pode ser bjs e uma linda semana Leila

Thaisa Santos disse...

Me falam sempre dessse livro, mas a professora de "artes" responsável por nos obrigar a ler em sala, sendo ela a "escolhedora" do livro, geralmente feios e mofados, nunca deixou que pegasse Poliana, daí faz uns meses alguém me falou do jogo do contente e decidi ler. Então pensei: Poxa! Não sei se é pra ir ou para chorar essa história do contente. Se contente com o que a vida der porque senão...ou então, é isso ou um vale de lágrimas eterno...

Carol disse...

Aguardandos os próximos capítulos!!

Unknown disse...

Olá Patricia

Seu blog é lindo e interessante e por isto já estou te seguindo. Vou aguardar a sua visita e ficarei feliz se me seguir também.

QUER GANHAR UMA JOIA? A designer Eliana Colognese criou um belíssimo anel e gostaríamos muito de contar com a sua participação.

Bjooooooooooo...................
http://amigadamoda.blogspot.com

Tays Rocha disse...

Estou lendo tuuuuuuuuuuudo...

Beijos ♥

Poliana disse...

Olha, eu sempre quis escrever algo desse tipo. Vc conseguiu expressar o que eu vivo ai. EU SOU POLIANA..rs Poliana registrada. Murphy me acompanha a cada segundo, desde o parto. Te juro. É tudo dando tão 'errado' comigo que até pra nascer fui parar numa cilada. Agora no auge da minha vida, tenho vontade de mandar a Eleanor H. Porter(e nasceu no msm dia q eu) tomar no olho do seu cú, junto com sua Pollyana e seu jogo do contente..rs Eu sou otimista, se visto pelo lado que eu sempre me fodo, mas não me levo a sério. Está longe de ser jogo do contente isso..rs Mas ngm entende. Queria me chamar Bucetilde acho.rs

Telma Maciel disse...

Gente, é uma coisa horrorosa, né? huehueheu É uma judiação pq realmente as Poliana são todas associadas ao livro, não tem jeito! E aí parece q elas tem obrigação de ser feliz, otimistas e achar q tudo tá certo sempre... judiação... kkk
Beijos

Vanessa Anacleto disse...

Bucetildes é crueldade .