30 de jul. de 2010

Então

por Marcelo Daltro

Já repararam que a maioria das comédias em pé começa com: eu não entendo. Pois bem, eu não entendo por que a maioria das pessoas respondem uma pergunta com então!

Vícios de linguagem, maneirismos e gírias estão sempre presentes no nosso cotidiano. Já existiu o tipo isso, tipo aquilo. A moda agora é o então. O pior é que não tem critério. Utiliza-se então para todas as perguntas das mais simples às mais complexas. Isto me intrigou e comecei a procurar o porquê de responderem sempre utilizando o então, e acho que descobri a solução: a tecnologia.

Agora ele surtou de vez, você pensa, não tem lógica. Tem sim. O então equivale ao carregar do computador, dvd e outros. De acordo com a pergunta o cérebro demora mais ou menos para carregar os arquivos, veja o exemplo abaixo:

Situação 1:
- Zeca, você gosta de pizza?
- Então...(pausa curta), gosto sim!

Situação 2
- Zeca, você gosta de mim?
- Então......(pausa maior), gosto sim!

Situação 3
- Zeca, quer casar comigo?
- Então...................(pausa gigante), sim eu quero!

Situação 4
- Sr. Deputado José Carlos, você pode explicar essas suas imagens com dinheiro na cueca?
- Então.........................................(falha no sistema, tentando salvar os arquivos, arquivos recuperados), nada a declarar!

Situação 5
- Zeca, que mancha de batom é essa na sua cueca?
- Então...................................................(error fatal 171 o sistema travou, o cérebro irá desligar!!!!)

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Texto roubado descaradamente daqui ô: Enquanto A Bola Não Pega

25 de jul. de 2010

Uma Outra História da Chapeuzinho

A verdade era que a vovó gastava todo o dinheiro da aposentadoria nas mesas de bingo e em licor de jabuticaba. Uma garrafa por dia e pelo menos R$ 100,00 perdidos nas cartelas em que sempre faltavam um único número para ganhar.

Assim, volta e meia, quem tinha que mandar auxílio para a velha, era a Dona Chapéu, filha da avó viciada e mãe da Chapeuzinho vermelho.

E era por isso, que naquela tarde, uma Chapeuzinho emburrada, ouvia da mãe, milhares de recomendações:

- Olha, você não vai pela floresta! Dizem que aqueles anõezinhos tarados seqüestraram  a enteada da Madrasta Má! Sabe Deus o que aqueles sete vão fazer com aquela garota! Nem quero você de papo com a Bela Adormecida, na última overdose dela, ficou de coma quase 100 anos! E pelamordedeus, Chapeuzinho, nada de encontrar o Lobo mal! Você está noiva do Caçador e se ele te pega de agarramento por ai, não quero nem pensar...

- Ai, mãe, posso ir logo? Que saco, já não basta ter que ficar alimentando àquela velha folgada, ainda tenho que ficar ouvindo sermão?!

E lá se ia a menina, de mini-saia e fone no ouvido. A história do capuz, que virou lenda eternizada pelos irmãos Grimms, teve origem numa certa festa na casa do Príncipe Encantado, onde Chapeuzinho foi vestida apenas e somente com o tal capuz...

Na primeira curva longe dos olhos da mãe, a menina mais que depressa entrou na tal floresta proibida. O Lobo é claro, já estava esperando por ela.

- E ai, mina, ta rolando uma festinha lá na casa dos anões, a Branca já ta por lá, que tal?

- Ai, não vai dar, preciso entregar essas coisas pra minha vó, você sabe, né? A velha perdeu tudo no jogo de novo! Humpft!

- A gatinha, só uma paradinha do lado da macieira...

- Olha só, Lobo, você ta achando que eu sou burra? Conheço bem os efeitos dos frutos dessa macieira, além do mais, o Caçador ta por ai, e se ele ver a gente junto, pode até te matar...

Falou e saiu andando, deixando o Lobo muito puto!

O resto da história vocês já sabem, pelo menos a versão oficial, que o Lobo chegou antes na casa da vovó e a trancou no armário, na verdade, a velha tava chapada de licor e babava na cadeira, ele só a escondeu, Chapeuzinho chegou, viu aquela cena medonha do Lobo disfarçado da Vovó e resolveu entrar na brincadeira:
- Por que esses olhos tão grandes?
- É para te olhar melhor.
- Por que esse nariz tão grande?
- É para te cheirar melhor.

E olha, não foi bem a boca que a Chapeuzinho perguntou por que tão grande, mas a resposta do Lobo foi aquela tradicional mesmo: - É para te comer melhor, minha menina. E nessa versão, o lobo comeu mesmo. Sem caçador ou vovó para salvar a pobre jovem, que alias, nem queria ser salva! 

22 de jul. de 2010

Desafio #7links: O que seu blog tem de melhor!

Hoje a Joana, do blog Doces Verdades, fez um post sobre o mesmo assunto e convidou a todos pra participar desse desafio.

O desafio consiste em montar um post e citar 7 links do meu blog ou de outras pessoas, dentro de 7 categorias. A idéia foi criada pelo Darren Rowse do ProBlogger nesse post aqui.

O Marcos Lemos, do Ferramentas Blog, trouxe este desafio para nós, e agora é só participar e mostrar para os nossos leitores um pouquinho mais que a  primeira “página do blog”.

(Copiei essa introdução descaradamente daqui - desculpa ai, Coisas de Lily rs)

Meus #7Links:
1) O primeiro post do meu blog: 

Bem, esse é meu segundo blog, e eu sempre encaro como uma extensão do primeiro (a Criatura e a Moça - com um lapso temporal de quatro anos entre eles, rs), então para mim, o primeiro post, seria o da Criatura e a Moça, mas como num acesso de fúria idiota, eu apaguei o coitado -devia ser a TPM, rs e eu não lembro desse primeiro post, vou nesse aqui: Sem Manual - o primeiro publicado no novo blog.

2) O Post que mais gostei de escrever:

Nossa, eu gosto de escrever e tudo que publico aqui é por que gosto. Achar um que goste muito, talvez esse curtinho, não é nem bem um texto, mas quase um agradecimento, pois foi escrito no mesmo dia em que voltei do hospital com meu filho, depois dele ter ficado 5 dias internado: Delicadezas. E relendo ele agora, não tive dúvidas, foi o post que eu mais gostei de escrever e ele ainda é capaz de me passar a mesma sensação que tive ao escrevê-lo, gratidão e felicidade.

3) Um Artigo que gerou um bom debate:

Não sou muito de polêmicas, e na maior parte das vezes, publico contos ou crônicas, e talvez por isso, tenham poucos debates por aqui, mas teve dois posts que podem se encaixar nesse item. Um, que começou todo a partir de uma frase lida no twitter, a qual me revoltou: Resposta a Alguém que Não Falou Diretamente Comigo  e que rendeu um bom debate - infelizmente, como mudei o sistema de comentários, perdi todo ele!  e o outro foi Minhas Mais Terríveis Histórias de Horror - Onde pela primeira vez, tratei sobre violência contra mulheres de maneira mais contundente.

4)  Um artigo de Outro Blog que você gostaria de ter escrito, que você gostou muito:

Eita, esse vai ser difícil, eu leio tanto blog e ao longo desses anos, tenho lido tanta coisa coisa boa, que escolher um vai ser pauleira. Bem, como tenho memória de peixinho, vou utilizar o critério das leituras mais recentes para escolher. Essa semana, a Lila voltou a nos presentear com seus textos, a coitada tá virando pinguím em La Paz, mas o gelo só serviu para que ela escrevesse mais e melhor, ao ler o seu texto Mãe, Eu Sou Gay, ela quase me fez chorar, lindo, emocionante e tão sincero, que deveria ser distribuído nas ruas, para que todos lessem e pudéssemos, construir uma sociedade menos preconceituosa.

5) O seu Artigo mais Útil:

Agora danou-se, artigo mais útil, o que seria considerado útil em um blog? Ah, no inicio desse ano, devido as tragédias das chuvas que quase puseram o Rio abaixo, fiz um post com a relação de lugares para angariar donativos: SOS Rio - Como Ajudar

6) Um Post Com o Melhor Título que Escreveu:

Eu gosto dos títulos dos meus posts, Por isso, esse item está sendo extremamente difícil. Mas, já que é para escolher um, o melhor é o que também é o título desse blog: A Vida Sem Manual

7) Qual o post que você gostaria que as pessoas tivessem lido mais (tivessem dado maior importância): 

Acredito que todos os posts tenham seu retorno, de acordo com os que aqui entram, achem relevantes ou não. Tem uns que causam maior empatia, outros nem tanto, mas tem um que gostaria que fosse lido de maneira diferente, afinal, esse post virou spam e foi distribuído sem minha autoria por toda a internet (e ainda é), e o engraçado é que algumas pessoas que o leram aqui ou no blog anterior, o receberam por e-mail sem autoria, e no entanto, esquecem que já o tinha lido e que ele tinha sido escrito por mim. O texto é "Querido Diário" - sobre dietas e surtos.

E ai, gostaram do desafio? É só fazer igual.

19 de jul. de 2010

Algumas Constatações

  1. O livro O Segredo afirma que o universo conspira ao meu favor, sei não, acho que na hora da leitura, confundi o português, e mentalizei a conspiração contra mim. Por que, só assim né?
  2. Para os que não dão importância a vírgula, se ela mudasse de lado e pulasse umas quatro casas à direita, meu saldo bancário seria uma beleza. 
  3. De todas as leis, as únicas infalíveis são as de Murphy e a da gravidade. A primeira afeta meu dia-a-da e a segunda, meus peitos
  4. Naquele dia que você acorda sem vontade de tirar o pijama e enfia um moleton básico e sai, sem maquiagem e com os cabelos in natura, vai ser esse o dia que você vai esbarrar com a nova namorada do seu ex, com o seu ex e com aquela perua que te sacaneou na 5ª série. 
  5. Dieta é uma merda.
  6. Tudo aquilo que eu gosto, é ilegal, é imoral ou engorda - sendo essa última opção a mais forte das três.
  7. As coisas, incluindo eletrodomésticos e encanamento, quebram todas ao mesmo tempo e no exato período em que você está totalmente sem grana.
  8.  O dinheiro só não traz felicidade, para aqueles que não tem.
  9. Meu cabelo não é meu amigo.
  10. O telefone só vai tocar quando você estiver no banheiro!





17 de jul. de 2010

10 Segredos para a Elevação do seu Saldo Bancário:

1) Montar um grupo de pagode - Não precisa saber cantar, nem tocar nenhum instrumento. Quanto a dança, basta sacudir o corpo prá frente e prá trás e dar umas reboladinhas de vez em quando. A letra da música tem sempre que ter um corno, ou uma corna, ou falar da feijoada na casa da tereza. A sim, e não esquecer a gemidinha no refrão.

2) Montar um grupo de axe músic - seguem-se as mesmas regras do grupo de pagode, mas acrescentam-se uma coreografia aprendida em boites de stripers e pelo menos, duas mulheres gostosas semi-nuas.

3) Escrever um livro de auto-ajuda - recolha e transcreva todos os chavões espalhados por ai, tipo: o que não nos derrota, nos deixa mais forte, ou a força está dentro da gente, ou ainda, olhe-se todo o dia no espelho e grite bem alto: eu sou bonito(a), rico(a) e inteligente. Intercale isso com suas experiências pessoais ou metáforas com animais, alguma filosofia oriental e pronto. Agora é só publicar e colher os louros da fama.

4) Botar a bunda de fora no teatro municipal, ou tirar a roupa em qualquer evento público. ( - Não! não vale naquele jantar de família, nele o máximo que você vai conseguir é ficar sendo perseguida(o) por aquele seu primo tarado.) Sabendo administrar essa nudez, logo logo, você ficará rico(a).

5) Jogador de futebol - é preciso se esforçar um pouco, o suficiente até seu passe ser vendido para um time europeu. Depois é só simular uma dor no joelho qualquer e fazer um mísero gol por ano. Mas, não pode deixar de manter a pose de grande craque.

6) Politico - mas não pode ser um político qualquer, tem que ser corrupto, mas como político honesto não existe, basta ser político e pronto. (Você acredita em político? então também deve acreditar em coelhinho da pascoa e papai noel, seu caso é grave meu filho).

7) Cantor de funk - esse também se encaixa nas regras pagode e axé music, mas com algumas ressalvas, as músicas não devem falar coisa com coisa, devem ter conotação sexual e o português deve ser devidamente assassinado. Ex: "a mina tem um popozão, balanssa a cabessa, balanssa a bundinha e vem sentá no minhocão. "

8) Escritor de novela - esse é bem simples, nem precisa de muita criatividade. A fórmula básica é: mocinho encontra mocinha e a(o) vilã(ão) se interpõe entre os dois, junte-se a isso uma criança orfã e outra precoce, se for orfã e precoce então é excelente, uns dois ou mais personagens sem fala, mas semi-nus em todos os capítulos e algum tema polêmico: homossexualismo, câncer, doação de orgãos, etc. Para efeitos de dramaturgia, você pode misturar tudo e colocar um homossexual que doou órgãos e agora está com câncer, ou vice-versa, se acrescentar alcoolismo então, fica perfeito.

09) Vidente - aqui é preciso um investimento inicial: uma roupa extravagante, meio hippie, meio baú de sua avó(ô) e um adereço para incrementar o visual, pode ser cartas de tarot, ou uma bola de cristal (aquele lustre transparente que tem em casa, já serve). Essa profissão é boa porque você só trabalha no final do ano. Requer também um pouco de interpretação, pois a chave do sucesso são as caras e bocas feitas antes da previsão, (faz uma cara de quem está com dor de barriga e tá tudo bem), aí só dizer que uma grande tragédia irá acontecer no Oriente Médio, que um ator vai morrer, ou ficar doente, ou se separar. Que o Brasil irá passar por uma crise econômica, etc. A regra é nunca ser muito específico e intercalar tudo com frases de duplo sentido.

10) Líder de uma seita religiosa - Essa é a mais simples de toda. Coloque um lençol branco por cima da roupa, faça uma cara de piedade e fale coisas sobre harmonia universal e bem superior. Prometa paraisos terrestres e vida saudável e feliz. Tudo isso claro sob sua plena orientação, deixe bem claro, que para ser feliz é preciso não ter apegos a bens materiais, por isso reforce que aceita doações, em dinheiro, cheque, objetos de arte, jóias ou cartão. Você verá como rapidamente seu saldo bancãrio ascenderá ao reino dos céus.


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Post reeditado já que as finanças continuam a mesma...

14 de jul. de 2010

Encontro de Conto de Fadas


A primeira a chegar, como sempre foi Cinderela, hábitos antigos a faziam sempre ser pontual. A segunda, Branca de Neve, agora loura. As duas trocaram beijinhos e sentaram na mesa reservada. Era o Encontro Anual das Protagonistas das Estórias de Fadas.

No salão, já estavam a Fada Madrinha e Chapeuzinho Vermelho.

- Quem mais está na nossa mesa? - quis saber Branca, pegando um martini com o garçom.
- Acho que a Bela.
- a Adormecida?
- Essa mesmo. A Bela da Fera está junto com a Maria e o João do pé de feijão.
- Eles se casaram, não foi?
- Quem? a Maria e o João?
- Não, o João e a Chapeuzinho...
- Nossa, isso é notícia velha, eles até já se separaram...
- Sério? mas, por quê?
- Menina, foi um babado fortíssimo, como você não soube? o João pegou a Chapeuzinho na cama com o Lobo Mau, que convenhamos, de mau, aquele lobo não tem nada.

        As duas riram e pediram mais um martini. Aos poucos o salão se enchia. No momento, os três porquinhos haviam acabado de chegar, acompanhados da formiga, que diziam as más línguas, tinha perdido tudo no poquer para a Cigarra e agora, vivia de porta em porta, pedindo favores.

- Mas, me conta, Cinderela, você se separou do Príncipe mesmo?
- Nem me fale, Branca, foi horrível.
- Sério? Eu achava vocês um casal tão feliz. No último encontro, vocês ainda estavam juntos, não foi?
- Fachada, minha querida, fachada! A Fada Madrinha fez a gente assinar um contrato que tinhámos que ficar juntos durante dez anos! Você não sabe o que passei...
- Foi tão ruim assim?
- Meu bem! Ele vivia desfilando com o meu sapato de cristal e lingerie pela casa! O que você acha?
- Jura, amiga?! Eu não sabia que ele tinha essas tendências...
- Nem eu, nê? Senão não teria casado com ele... O pior eram as festas que ele dava, aquele Gato de Botas! Como eu odeio aquele cretino!
- Ele também?! Não?!!!! Alias, fala baixo que ele acabou de chegar...
- Você também separou do Príncipe não foi?
- Ah, o meu já é notícia velha, no último encontro já estávamos separados...
- Acho que ficamos em mesas separadas, não lembro do motivo...
- Você acredita que aquele safado tinha um caso com a Madrasta?
- Tá de sacanagem?!
- Quem dera... Na verdade, a coisa foi complicadíssima, você sabe, nê? a Madrasta tentou me matar várias vezes por causa da herança de papai, só com o que ela não contava, era que tivesse uma cláusula no testamento que falava que se alguma coisa acontecesse comigo, ela não herdaria nada!
      
        Quando ela soube disso, armou com o amante, o tal safado com o qual casei, e ele foi me procurar lá no bosque. Os anõezinhos não queriam que eu fosse, mas, cá entre nós, eu tava de saco cheio de ficar servindo de ama-seca de marmanjo. Sem contar, que tinha uns ali, bem tarados!

        Mas, então, casei com o cara e três dias depois, ainda em lua de mel, peguei os dois no maior amasso!

- E o que você fez?
- Expulsei os dois FDP do reino, ora!
- Mas, você não tem medo de que eles tentem algo contra você?
- Bem, contratei um segurança. Olha ele ali.
- Menina, que segurança é esse? Que homem!
- Pois é... pois é...
As duas riem e bebem mais um martini.
- Olha ali, não é a Bela?
- Acho que sim, mas quem é aquele com ela? Não é o Principe...
- Acho que é o Peter pan...
- Será?!
- Nãaao, o Príncipe adora a Bela.
- É, mas por ela eu já não coloco a mão no fogo...
- É verdade.  Acho que foi no último encontro que rolou aquele barraco, não foi?
- ih, é, pegaram a Bela com o Caçador no quarto da Fada Madrinha...
- É, ela veio tentando explicar que estava aprendendo a atirar.
- mas, não era bem espingarda dele que estava na mão dela não. hahahaha
- hahahaha
- Não estou vendo o Fera por ai... Ele a outra Bela se separaram?
- Não, esses estão juntos...
- Casal feliz?
- Beeem, se ela é feliz eu não sei, mas eu fiquei bem feliz na última vez que os visitei.
- Nãaaao? Você e ele?! Jura?! Conta, conta, como é que foi.
- ihuuu Bela! Tudo bem? - Branca de Neve acena para a outra Bela que vira a cara.
- Nossa, então ela soube?
- Se ela soube, não sei, mas deve ter desconfiado...
- Mas, como é que foi que aconteceu?
- Ah, Cindi... Foi logo assim que separei, estava tão triste e confusa, a Bela me ofereceu a casa para botar a cabeça no lugar,
      
        Eu fui, e deixo bem claro, que foi na melhor das intenções. Então uma noite nós três bebemos bastante, alias, como a Bela bebe. Sinceramente, acho que ela deveria dar uma passada no AA.

- Deixa de enrolar e chega logo no ponto!
- Você é muito estressada! Credo! Então, bebida para lá, bebida para cá e a Bela apagou. E o Fera todo ali, solidário com a minha dor...
- Ah, mas vocês estavam bêbados!
- Mas, no dia seguinte não! hahaha
- Quer dizer que...?
- Foi um verão inesquecível, minha cara!
- Hahahahaha
- Nossa já é meia-noite!
- Ah, meu Deus, preciso ir embora!
- Deixa disso Cinderela, você não precisa mais sair correndo ao bater das doze badaladas!
- Velhos hábitos, querida, velhos hábitos.

10 de jul. de 2010

Mentiras Necessárias

Daí que eu minto.  Não tanto que me transforme numa pessoa ruim, mas o suficiente para que às vezes sinta uma agonia grande. Normalmente quando a mentira é dita sem calço suficiente para se sustentar.

Minto para você, para mim... Mentiras inofensivas, dirão alguns. Mentiras necessárias. Direi eu. Por que tem coisa que você não diz. Ah, você acha que estou gorda? – nunca diga a verdade, a menos que a verdade seja que ela/ele  esteja magra e ponto. Não diga, que: - Não, imagina, e complemente com um mas...

Mentiras sociais. Você gosta do que faz? – perguntado pelo chefe do RH. Engula em seco e tranque todas as verdades pensadas: horários ingratos, ofensas morais, trabalho excessivo, falta de reconhecimento... Cale-se!  Sorria.  E garanta o salário e as contas no final do mês.

Minta sorrisos também. Se aprendi alguma coisa nessa vida é que ninguém quer saber de verdade, de suas dores, ou seus horrores pessoais (exceto anjos que surgem inesperadamente em sua vida, e esses, você sentirá o lever rufar de asas em seu rosto e os reconhecerá e poderá desabafar por horas e deixar que as lágrimas escorram finalmente em seu rosto)

Minta alegrias que não sente. Melancolias que não possui. Minta afetos, se necessário e a falta deles, também.

Não minta abraços, nunca. Isso não se pode mentir. Abraços e colos devem ser ofertados apenas quando algo dentro de você,  se aquece em relação ao outro. Seja esse calor proveniente de uma carinhosa amizade ou de uma ardente paixão. Nunca minta abraços. É triste, e o outro sempre vai saber. O gelo de um abraço falso magoa fundo. Lembre-se disso.

Regrinhas de ouro. Mentiras necessárias salvam ou condenam, amizades, familia ou amores eternos. Lembro de minha avó doente. AIDS. Provavelmente adquirida numa transfusão com sangue contaminado. Informou o médico. Depois de meses investigando a doença misteriosa dela.

Não queremos que ela saiba. Dissemos todos, filhos e netos. Mentira necessária para que ela continue lutando. Mas, o médico não queria mentiras. A verdade foi dita, ela desistiu de lutar e nos despedimos dela em um dezembro chuvoso.

Mentiras necessárias... Eu diria. E ouvindo sua voz chorosa, não sei o que dizer. A minha verdade ou a sua? Aquilo que eu sei ou aquilo que você quer saber? 

6 de jul. de 2010

O Primeiro Bullying a Gente Nunca Esquece: (blogagem coletiva)

Antes de mais nada, preciso dizer que eu detesto matemática. Na verdade, eu não consigo entender matemática, consigo me virar o suficiente para não ser enganada no troco e nem enganar ninguém na mesma situação.

Para vocês verem o nível da minha relação complicada com matermática, no meu primeiro vestibular, embora tenha tirada notas fantásticas em física, química e biologia, zerei matemática! E alguns concursos públicos feitos ao longo da vida, também tiveram essa característica, a matemática me detonou.

O meu problema com matemática é resultado direto de um trauma vivido na infância e que, apesar de ter feito terapia durante anos, não consegui, ainda resolver de maneira adequada.

Mas, o que tem a ver matemática com bullying? Nada. Ou melhor, para a maioria das pessoas, nada, mas para mim, matemática e bullying vão andar a vida toda de mãos dadas. Explico:

O meu primeiro bulliyng se deu na década de 70, quando eu tinha entre 8 e 9 anos e, embora eu fosse uma criança esquálida e portadora de óculos, não foram meus amigos da escola que me deram esse prazer, mas sim um professora, da qual o nome desapareceu da minha mente, desde então, mas sou capaz de fechar os olhos e lembrar com detalhes da sua fisionomia fechada, quase raivosa.  E, é claro, ela era professora de matemática.

Lembro também dos seus gritos, que eram altos e constantes, principalmente quando se destinavam aos alunos “esquisitos”  - ah, para esses, e eu me incluía nesse rol, ela dedicava os melhores berros, ao pé-do-ouvido, e as ofensas mais contundentes: não tinha uma aula que ela não dissesse que eu nunca seria nada na vida. Ou que gritando, mandasse toda a turma olhar aquela idiota que não conseguia entender aquele exercício tão simples. De vez em quando, eu escapava e era outro o alvo dessa selvageria.

E ela tinha uma régua, grande, de plástico duro, com a qual ela costumava bater em nossas carteiras, fazendo um estrondo e assustando todo mundo. Daí teve um dia, onde ela estava particularmente pior, que ela usou a régua, não para bater em minha carteira, mas na parte detrás da minha cabeça, o susto com a situação, fez com que eu quicasse a cabeça na carteira e abri um pequeno talho na testa.  E ela riu, e ainda, autorizou a turma a rir junto com ela.

Eu nunca tinha falado dessa mulher para minha mãe. Afinal de contar, ela era a minha professora, e na década de 70, professores eram semideuses aos olhos dos alunos e de muitos pais.  Como explicar que a professora estava me agredindo?

Fiz o que a maioria das vítimas de bullying fazem, calei tudo. Mas, aconteceu comigo o que acontece com a maioria das vítimas desse crime, fiquei retraída, não queria ir pro colégio no dia em que teria aula de matemática, chegava a ter febre nesses dias! E, claro, minhas notas despencaram. E eu que sempre tinha sido uma excelente aluna, estava para ser reprovada.

E, foi graças a esse sintoma, que minha mãe, quis entender o que estava acontecendo e fez o que todas as mães deveriam fazer ao se depararem com um quadro assim: veio conversar, por mais que achasse que eu nunca iria conseguir falar, contei tudo. De todas as coisas que aquela mulher me xingara, dos gritos e principalmente, que ela tinha me batido.

Minha mãe que era uma pessoa extremamente ocupada – trabalhava e estudava direto, passou os próximos dias depois da minha confissão, com um único objetivo, tirar a professora do colégio. E, ela conseguiu, pois apesar de ser um colégio público, onde professores problemáticos acabam nas secretárias administrativas, com essa mulher não aconteceu isso. Não sei ao certo o que aconteceu com ela, sei que nunca mais apareceu por lá. E eu ganhei outra professora de matemática. Não boa o suficiente para tirar o trauma que anterior me causara, infelizmente.

Quis contar essa experiência por que, a grande maioria das vezes que se fala em bullying, vem logo na mente um grupo de crianças marrentas cercando o gordinho da escola, ou um grupo de adolescentes idiotas, cercando o nerd do colégio.

Mas, é importante destacar que o bullying, não se dá apenas de uma maneira, e principalmente que existem vários tipos  e que nem sempre é fácil reconhecer que se está sendo vítima de uma agressão, seja ela verbal ou física.

Por que embora o termo bullying seja uma novidade aqui nessas terras tropicais, a agressividade que o caracteriza, esse vem de longe,  muito antes da gente entender o que é.

E agradeço a iniciativa da Vanessa ao fomentar essa discussão, por que a verdade é que, o bullying sempre vai existir, a menos que a gente não se cale mais, e denuncie sempre! Seja você a vítima ou a testemunha de um.

No Blog Mãe é Tudo Igual - da Vanessa, a lista de links de outros blogueiros que também falaram sobre o tema.

5 de jul. de 2010

Eis a Segunda:

E eis que a segunda chega de novo. E não é que eu goste ou desgoste desse dia.  Na verdade,  a maioria das vezes encaro apenas como mais um dia. Claro que por ela trazer em si, o inicio ou o fim de algo, dependendo do seu ponto de vista, tem como conseqüência o peso dessa situação.

No final, sinto as segundas, uma estranha melancolia, um certo quê do que se foi e uma angústia feroz do que virá.

Mas, essa segunda, não. Essa segunda em especial traz inúmeras possibilidades. Nem todas elas positivas, deixo claro. Na verdade, dependendo das respostas que essa segunda possa vir a trazer, não sei bem o rumo de nada...

Por isso,  hoje não encaro como um dia do inicio, já que é grande a probabilidade dela ser um dia de fim. De um ciclo, de uma era, de um sonho...

Essa frase soa triste, e não quero um texto assim, seja o que for, o importante é a peteca continuar sendo espalmada, sei que estou fazendo minha parte e seguindo em frente e acho que isso deve contar alguma coisa no nosso destino.

Então, segunda seja benvinda, com seus sins ou seus nãos, com seu início ou o seu fim. Seja apenas mais um dia, e quem sabe, seja o meu dia – cruzo os dedos neste momento.