30 de jan. de 2010

Sobre Dores

Moço tá doendo. Eu dizia. E ele me olhava e pedia, doendo aonde? E eu não sabia explicar a dor que surgia maior que a que um dia tinha sentido num tombo de bicicleta. Maior que todas as dores que um dia senti. Uma dor corrida apertando o peito. Forte, longa, angustiosa.

E ele queria receitar remédios. Mas, meu Deus que remédio cura decepção, humilhação e tantos “aos” que pareciam nunca acabar.

Eu queria socar paredes, quebrar mãos, pernas, braços, para a dor física acabar com aquela que me consumia a alma.

Dói meu coração, eu dizia pequena, segurando a perna, fugindo da escola que também parecia não me querer. Daí cresci e descobri que o coração dói mais fundo e não tem band-aid, merthiolate, álcool, nada cura a dor que te sufoca a alma. Dá ânsias de vômitos e te faz bater com força no armário até quase quebrar os dedos.

Queria explicar pro moço a dor que vinha do fundo, pedir remédio, acalanto, beijoabraço, qualquer coisa, mas o moço olhava em meus olhos e não enxergava o que doía. Tão acostumado a seus aventais profissionais, seus sintomas de doenças simples, seu manual de auto-ajuda. Não conhecia a dor profunda que invade e deixa sem rumo.

Um tranqüilizante derruba-cavalo, dizia minha vó, era o que queria, para fechar os olhos e dormir. Profundamente por horas, dias, semanas, meses, até acordar e descobrir que a dor passara e que a vida se encaixava então nos eixos.

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para Intense que também sofre dessa mesma dor.

26 de jan. de 2010

Eu Não Gosto Do Óbvio

Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto do bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Mas eu gosto da Tessália e sua língua afiada. Só acho que ela precisa se mostrar mais e sair da vibe Alberto em final de carreira, que assumiu.

E daí, que fala que joga? Aquilo ali não é um jogo? E daí que aponta a falsa perfeição da galera? Se formos acreditar em metade do que é dito ali, eles todos deveriam ser canonizados. E daí que se arrumou com Michel? Primeiro que os dois são nerds, afinidades parecem ter aos montes (pelo menos ela não chamou o cara de bicha uma semana depois de trocar beijos com ele), se não são um casal que enche os telespectadores de tesão, meu povo, arranje um tesão para você e não tente ser feliz com o dos outros. E daí que seus seguidores começaram via script, tem um monte de gente que faz isso e que eu saiba, não é crime, bolar estratégias para se promover, alias, não é isso que define um BBB?

Então, gosto da Tess, talvez não o suficiente para já entregar o milhão e meio, mas o suficiente para torcer que fique ainda uma boa temporada na casa e que faça o papel de meninamá.com que está começando a assumir.

Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos

Eu não gostava do Dourado. Nem na 4ª edição, nem no inicio dessa. Mas, ele vem crescendo aos meus olhos, principalmente quando sai do papel perseguido e parte para o deboche e ironia. Desse Dourado gosto, mas também não tanto para já declarar campeão em duas semanas de jogo. Alias, isso anda me aborrecendo por ai, deixa o jogo acontecer, deixa o cara dizer a que veio, sem força a barra com edições tendenciosas.

Na mesma linha eu também gosto do Alex, que é chaaaato, mas tem umas tiradas boas, lê o jogo bem e que dependendo das alianças que forme, pode fazer esse BBB fugir da maldição das edições pares.

Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas

Dicesar, Serginho e Angélica precisam crescer e saírem do discurso de vitimas ou do da festa e fazerem efetivamente parte do jogo. Não são os donos da verdade, até porque não existe uma verdade e cada um tem a sua.

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem?

E é por isso que gosto da Lenita e da Maroca (mesmo com sua voz irritante). Não acho que Lena sofra de baixa-estima e por isso assumiu a postura porra-loca da Lenita. Realmente acredito que ela é o que é: Non sense, sensual com todos os seus quilos a mais, irritante, sem senso, autentica! Falta se focar mais no jogo e diminuir o dramalhão mexicano nas votações.

Gosto dela e da Maroca por que elas não escondem sua sexualidade, por que se divertem, por que não parecem se importar nem um pouco com o que estão pensando lá e aqui. Elas vivem a experiência da casa em toda plenitude e desejo, buscando talvez, não o milhão e meio, mas entrar na galeria dos imortais dos BBBs. Espaço restrito para poucos. E ardem, ardem muito...

E, só para lembrar, ainda estamos em duas semanas de jogo, deixa para escolher o campeão depois que todos tiverem mostrado a verdadeira face. Agora, é muito cedo.

Música e Letra: Adriana Calcanhoto

25 de jan. de 2010

Bom Dia pra Quem?

Amanheci com #bomdiapraquem? e termino com #boanoitepraquem? e cada vez fica mais forte minha certeza de que meu inferno astral se antecipou.

Somatório de uma semana na sequência: Mesa de vidro quebrada, ventilador quebrado, dinheiro que não entrou, filhote com crise alérgica, eu, iniciando um resfriado, dinheiro que continuou não entrando e fechando com chave de ouro: Fiquei ilhada com água até o joelho debaixo de uma chuva monumental durante 1h 45m ...

Bem, Murphy, Loki, ou quem quer que seja, já deu!

22 de jan. de 2010

Pintura Real

Não é que ela esperasse grandes coisas do destino. Embora trouxesse da infância, sonhos de uma vida, que definitivamente, não era a que vivia agora.

Às vezes, se via repleta de uma angustia sufocante, desejosa demais de ter/ser diferente e nessas horas precisava respirar, repassar mentalmente todos os caminhos percorridos até ali, para perceber que foram seus próprios pés que trilharam aquela estrada.

Dessa forma, antes que se visse imersa em pena de si mesma, enxergava-se como uma pintura real.

Ela era o que fora se construindo diariamente nesse tanto de anos que definiam sua idade e nada, nada poderia mudar isso.

O que ela podia fazer era decretar que era a hora de ser feliz. E esquecer tudo aquilo que não fora, e se concentrar apenas naquela que ela poderia ainda ser.

21 de jan. de 2010

Patchwork

Caminho deixando pedaço de mim pelas calçadas. Fragmentos dispersos acompanham meus passos, um não sei o quê, perdido em algum ponto.

E haviam flores amarelas no vaso. Estão mortas. Dentro do livro, folhas secas se desfazem ao contato do vento. Vento que anuncia o cessar da tempestade. Não é mais tempo de chuvas. Sussurram-me as andorinhas. Eis que chega o verão. Mas eu não quero.

Fecho cortinas e gargantas para não emitir a melodia que insiste em se fazer presente. Mas, se hoje é dia de saudades. Quais são essas? Já que ando imersa em lembranças. Nenhuma minhas. Tampouco reais.

Meus pedaços se espalham pelo tapete. Amontoam-se sobre a colcha de retalhos. Matelassê diria minha mãe, encurvada sobre a máquina a remendar tecidos. Desconexas formas. Peço que me transforme também. Toalha de mesa, geometria perfeita. E me estenda naquele jantar, travessas fumegantes. Quando eu te olhei pela última vez. Sem saber que seu olhar já não mais me acompanhava.

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Update rapidinho:
Hoje estou no Big Vicios BBB - O Que Espero desse BBB? De vez em quando, vou encher o saco da Fernanda e mandar textos para lá! rs

18 de jan. de 2010

Viciada, eu?!

Vicio é assim. A gente pode fazer tratamento, reabilitação, abstinência, etc, mas basta um pequeno contato com a droga e pronto, já saímos do eixo e voltamos a estaca zero.

Por isso, queridos, nos próximos três meses, eu sou uma viciada! Depois entro em processo de reabilitação de novo e fico limpa os outros nove meses.

Durante três meses, a louça se acumulará, a casa ficará de pernas pro ar, marido pensará em me internar e filhote buscará outra mãe! (né Mamis?)

Mas, é isso, eu gosto de BBB, tenho PPV e sempre que posso, leia-se a maior parte do dia, vou para a frente da tela interagir com os participantes. Ah, eu interajo com eles sim, rindo, brigando, ficando indignada, comemorando etc.

Sei que tem gente que não gosta, mas isso é de cada um, só não curto quem me policia ou olha torto. Tipo: - Você gosta de Big Brother? (coloquem um tom de nojinho na pergunta e reparem que os desafetos do BBB só se referem ao programa pelo nome completo).

E antes que pensem: não acho que seja um programa passível de análises sociológicas, nem educativos, nem construtivo, nada disso, é apenas um programa de entretenimento. E, se isso não fosse suficiente, eu adoro conversar sobre o assunto com uma galera muito gente boa que tem blogs ou não, sobre o tema.

Esse ano o BBB assumiu os estereótipos, todo ano já se dividia, mas esse ano, vestiu a carapuça e botou legenda em todo mundo, dessa maneira, temos:

Os Coloridos, embora nem todos eles se encaixem nessa categoria, já que Angélica resolveu assumir a postura de cinza-chumbo, saindo cedo das festas e chorando toda hora, afe!

Os Sarados, que pela produção, deveriam ser só músculos, mas alguns estão surpreendendo e demonstrando uma certa manha pro jogo.

Os Cabeças, escolhidos para serem os maquiavélicos dessa edição, mas que juntou uma professora non-sense, uma twittess cheia de scripts e um advogado que quer ser leal.

Os Belos, que até o momento, para mim, só são isso, com exceção da ex-bbb que de bela não tem nada e ainda atenta contra o mau-gosto com uma legging de oncinhas (?) e finalizando, temos:

Os Ligados, eu até agora quero saber ligados em que, porque ou como, onde entra uma pm porraloca, uma estudante e um produtor de sites pornôs com cara e comportamento de nerd!

Em suma, um elenco que pode dar o que falar, ou não, até o momento, meu coração ainda sente saudades do Lado B do ano passado, mas vamos ver.

E como o Dono do Jogo é um sádico por natureza, esse ano temos o ingrediente da delação premiada. Onde um telespectador para ganhar um carro, tem que dizer o voto secreto de um dos participantes (escolhido sabe que por que critério, criar intrigas será?). Posso não concordar muito com a idéia, mas a cara de pânico dos participantes ao ouvir que seu voto poderia ser exposto, não tem preço!

E, como já falei de mais de BBB, parei! Ou pelo menos, vou tentar não falar disso aqui, para quem quiser saber mais, abaixo, uma lista de blogs sobre o tema.

10 de jan. de 2010

Porque Eu Odeio Primeiro Encontro

Primeiro encontros não deveriam existir. A gente sua a camisa para criar a situação perfeita pro carinha chegar junto e fazer o convite, e em seguida é a atacada pela TPPE (Tensão Paranóica do Primeiro Encontro).

Durante o período que intercala o dia do convite até a saida, experimentaremos um milhão de roupas (e nenhuma ficara do nosso gosto), faremos milhões de penteados (e nenhum deles nos agradará – e às vezes, o resultado desses testes, é cabelo espiga de milho esvoaçante), estouraremos nosso cartão de crédito para comprar a saia perfeita, que combina com a blusa perfeita e que combina perfeitamente com àquela sandália linda de trocentos mil dinheirinhos.

Roupa perfeita, que é claro, vai ficar HOR-RO-SA no dia do encontro, que alias, reúne na mesma ocasião toda a instabilidade hormonal da TPM somada aos desastres acontecidos durante seu inferno astral.

Começa com você acordando com uma espinha gigantesca no nariz, no queixo ou no meio da testa, às vezes em todas as opções listadas.

Se você tem cabelos lisos, o dia será de quente a insuportável, e a oleosidade gotejará de suas madeixas. Se o seu caso for crespo, tenha certeza que a quantidade da chuva a cair, será proporcional ao tempo em que levou para domar seus fios com a chapinha. E não tem jeito, nos dois casos, a umidade relativa do ar estará tão alta, que até seus pentelhos estarão com frizz.

Uma hora antes do encontro e você estará aos prantos sob uma pilha de roupas, com a certeza absoluta da sua infelicidade, afinal, você não tem roupa para a saída. E você lutará contra a vontade de pegar o telefone e xingar o FDP que propôs àquela tortura.

Meia hora antes, você irá respirar, se concentrar e decidirá por àquele vestidinho básico, que seu ex dizia que ficava lindo em você.

Tudo quase pronto, o carinha te esperando lá embaixo e eis que ela surge!

Todas nós mulheres temos uma presença certeira nesses dias de primeiro encontro. É a nossa Personal Serial Killer. Não que ela seja uma assassina, no sentido literal da palavra, seu assassinato é mais sutil. Ela detona relacionamentos em estágios iniciais.

Você acaba de se encher de coragem, a roupa está ok, a maquiagem bem feita, sentindo-se a mulher mais sexy possível, e ela então te manda um psiu do espelho e certeira desfere o golpe:

- Nossa, como você está gorda! E essa roupa, francamente, ainda está na moda? Na década passada talvez estivesse!

Seu joelho treme, seus lábios decaem e é preciso uma grande força de vontade para abrir a porta e sair. Durante todo o percurso até o carro fica esperando um novo ataque, pois tem certeza de que ela estará a espreita.

E, você tem toda razão, ela está e irá surgir novamente o resto da noite... (continua)

7 de jan. de 2010

Palavras

Ouço. Diariamente ouço. Ao caminhar ouço o que me dizem e faço. A palavra é lei.

Falo. Tudo àquilo que devo dizer. Tudo que me é permitido escutar. Tudo que sinto, calo. A palavra é ato.

Não se deve dizer certas coisas , a palavra pode condenar , não fale antes de pensar... A palavra mente.

Mas fácil seria não falar. Viver o mundo com os olhos, com o corpo, com as mãos... Pois tem palavra que assusta. Que corta. Palavra que fere.

Tem palavra que não existe para se dizer tudo o que se sente. A palavra falta.

Tem palavra que junta e que separa. A palavra ausente.

Enfim, tem palavra que a gente não deveria dizer, mas não cala.

5 de jan. de 2010

Bilhete Suicida

Você conseguiu. Vou me matar. Também o que você queria depois de me trair com aquela... aquela... sinto tanta raiva que sequer consigo pronunciar o nome daquela mulherzinha desprezível, que se dizia minha melhor amiga!

A partir de hoje você poderão ficar juntos para sempre, isto é, até ela te meter um chifre - você bem sabe que tipo de mulher ela é, não é?. Fiquem juntos, mas carregando a culpa da minha morte. Morri por sua causa, ouviu bem? Por sua causa!

Acabo de engolir uma caixa inteira de calmante. Misturada com whisky... O seu! Aquele de 12 anos que ganhou do chefe, quando completou dez anos de firma. É isso mesmo que você acabou de ler, eu bebi todo o seu whisky de doze anos! Todo não, uma parte eu usei para encharcar os seus ternos, antes de botar fogo neles!

Você vai ter que pedir para aquela mulherzinha desgraçada comprar roupas para você. Pois eu queimei todas. Ah, e os seus livros, foram todos doados para a biblioteca no bairro. Os cds eu dei para aquele vizinho maconheiro que você detesta. Todos eles.

E tem mais, sabe aquela foto sua de pon-pon e fio-dental rosa - Como? você nunca tirou uma foto assim? - Ah, seu bobo, o photoshop faz coisa que até Deus dúvida. Foi a melhor montagem que já fiz. Ficou perfeita. Espalhei pela internet. Até mesmo naquele fórum que o dono da empresa faz parte. E mandei também para todos os e-mails da minha lista, e da sua.

Sinto que agora o fim se aproxima. Aproveito para me despedir, tomando o último gole do seu whisky. Que por sinal é muito bom.

Só mais uma coisinha, eu fingia orgasmo e seu pau é muuuuiiiito pequeno.